Após a Segunda Guerra Mundial, os italianos não podiam pagar pelo transporte pessoal. Em 1947, o projetista de aeronaves Corradino D’Ascanio, projetou um veículo comercial leve e simples de três rodas, que agradou a Piaggio. O primeiro modelo foi uma adaptação sem cabine da scooter de duas rodas da empresa, a Vespa, adicionando duas rodas traseiras e uma caçamba plana sobre o eixo traseiro.
Os modelos iniciais apresentavam motores de 50 cm³, 125 cm³ ou 150 cm³ e, posteriormente, um motor de 175 cm³. Na época do Apé D de 1964, uma cabine foi adicionada para proteger o piloto.
Em 1948, cada vez mais, as scooters Vespa tomam as estradas da Itália e da Europa: A Piaggio produzia 19.822 unidades, e um avanço significativo em relação às 2.464 scooters feitas em 1946, o ano em que a Vespa foi lançada. A economia italiana lentamente voltava a se recuperar e, com ela, a indústria, o comércio e o setor artesanal. Até então, as mercadorias são transportadas em caminhões pesados baseados em modelos militares, veículos comerciais caros ou vans de entrega de três rodas pesadas e lentas. Na cidade, era comum se ver triciclos e carrinhos de mão fazendo entregas.
Porém, graças à intuição de Enrico Piaggio e Corradino D’Ascanio, a Vespa começa a trabalhar em um produto para atender às exigências óbvias da vida cotidiana na Itália. E o resultado dessa intuição, que se tornou um legado da Vespa é o Ape, lançado em 1948: “O veículo de carga leve de três rodas “Ape” será um grande sucesso – escreveu a revista Motociclismo -. Trata-se de um veículo moderno, disponível a um preço razoável, com baixíssimo consumo de combustível, bem dentro dos limites até mesmo da menor empresa, mas projetado sem economias, com base em critérios muito racionais, tanto do ponto de vista funcional quanto construtivo”.
A primeira versão do Ape foi baseada na Vespa – ainda que com três rodas – e todas as características essenciais da scooter, incluindo a parte frontal completa e um motor de 125 cc, inédito até 1948 na scooter Piaggio, que até então era disponível com um motor de 98 cc. O preço, na época, era de 170.000 liras.
D’Ascanio, o talentoso projetista aeronáutico da Vespa e do Ape, disse: “O que fizemos foi encontrar uma solução para a demanda por transporte compacto no período pós-guerra, introduzindo um veículo leve de três rodas para transporte de mercadorias, para pequenos deslocamentos e consumo limitado de combustível, a um preço modesto. Algo que, além de ser fácil de manter e dirigir, tivesse fácil maneabilidade no tráfego urbano mais movimentado e fosse particularmente adequado, rápido e prático para a entrega de mercadorias em lojas”.
Os primeiros beneficiários diretos nessa fase foram os pequenos e médios revendedores e comerciantes e, de fato, aos quais se dirigiam as primeiras campanhas de arketing do Ape: “O Ape acelera o ritmo do comércio e das vendas, criando uma extensão móvel da loja e um vínculo muito apreciado com o cliente”.
O resultado dessa brilhante intuição foi sensacional. Os furgões Ape começam a circular por toda a Itália, “em preto e branco”, com os painéis laterais dos furgões exibindo nomes das empresas às quais serviam.
O verão de 1952 trouxe mais potência – a cilindrada do Ape é aumentado de 125 para 150 cm3 – o que significava uma maior capacidade de carga, até então limitada a 200 quilos. A plataforma de carga também é modificada, com um modelo de aço lançado em 1954: todas essas modificações levam à produção de um novo modelo, o Ape C, um pequeno caminhão capaz de transportar até 350 kg. O novo Ape é lançado com uma grande campanha publicitária, milhões de folhetos impressos em cinco idiomas diferentes e os pontos de venda da Piaggio entravam em uma importante campanha promocional. O momento chegava para o boom econômico bater à porta da Itália.
Das linhas de produção, sai o Ape D: maior do que seus antecessores, uma cabine completa com portas, farol montado na parte frontal, em vez do para-lama, e uma cilindrada de 170 cm3. A essa altura, todos já associam a ideia de transporte leve a esse veículo de três rodas, uma mistura absolutamente engenhosa de conteúdo e caráter funcional. A imagem do Ape tomava o seu lugar de direito na cultura popular e na onda das últimas evoluções das tendências sociais e culturais; a Piaggio cunhou o slogan “Ape, o veículo que te ajudará a faturar”.
A Piaggio produz o caminhão articulado mais manobrável de todos os tempos, um Ape com cinco rodas chamado Pentarò. Um veículo muito original, com uma capacidade de carga impressionante (700 kg), inspirado em caminhões articulados maiores.
O Ape MP rouba a cena com uma cabine que oferece ao motorista (e ao passageiro) mais proteção contra os elementos e um nível de conforto comparado ao das vans de quatro rodas.
A cilindrada do motor 2T foi aumentada para 190 cm3, mas o verdadeiro avanço aparecia nas soluções técnicas e de design para tornar o veículo mais racional. O motor agora é instalado na traseira em uma estrutura “tipo marreta”, a transmissão não é mais por corrente, mas direta para as rodas traseiras por meio de semi-eixos, com braços de aço, suspensão com molas de borracha e amortecedores hidráulicos.
O Ape MPV é o primeiro Ape a ter um volante como opcional em vez do guidão do tipo scooter.
Nasce o “Apino”: um pequeno veículo de passeio “comercial” com motor de 50 cm3. Apenas um ano depois, há uma nova chegada à família Ape: A Piaggio apresenta o Ape 50, um acontecimento feliz à sua maneira, pois é o primeiro modelo da linha Ape na classe de ciclomotores.
O Ape 50 – como é frequentemente o caso da Piaggio – foi projetado e construído para repetir a história de sucesso da Vespa 50 também no campo do transporte de mercadorias leves, uma vez que a pequena Vespa tinha sido lançada em 1964 para atender às regulamentações rodoviárias italianas da época, que exigiam uma placa de identificação em veículos de maior cilindrada.
A verdadeira “revolução” ocorre em 1971, quando o Ape Car é lançado. Esse modelo, caracterizado por um design extremamente moderno para a época, chegava para competir com caminhões leves. O Ape Car aprensentava uma carroceria nova e maior, com uma cabine mais espaçosa e confortável. O veículo tem um volante, e o motor 2T de 220cm3 voltava para a parte traseira em uma estrutura específica “tipo marreta”. A campanha publicitária da Piaggio também se concentrava nas “semelhanças” entre esse novo modelo e os veículos comerciais tradicionais de 4 rodas.
O Ape Car é um enorme sucesso, mas, e 1982 aparecia outra inovação técnica e de design da mesma importância, o Ape TM: um conceito completamente novo com o design de Giorgetto Giugiaro, e trazendo elementos que aumentavam o conforto e a usabilidade do veículo: as dimensões da cabine, o volante estilo carro e o painel. A suspensão também era nova, um sistema independente com braços e freios a tambor de liga leve em rodas de 12 polegadas. O Ape TM, ainda hoje em produção, é um dos veículos mais bem-sucedidos da linha Ape, graças à sua solidez e desempenho.
Embora o motor 2T continue sendo o coração pulsante do Ape, chegou o momento certo para um novo motor. O resultado: o primeiro Ape com um motor a diesel. O Ape Car Diesel tem um novo motor a diesel de 422 cm3, com uma caixa de 5 velocidades. Esse era um projeto revolucionário, o menor diesel de injeção direta do mundo.
O Ape lança um verdadeiro recordista, o Max, capaz de transportar até 900 kg.
O Ape se lança em outra aventura do Ape – desta vez não no mundo das quatro rodas, mas no mundo dos jovens. Em meados dos anos 90, a popular série especial Ape Cross sai das linhas e se torna um sucesso imediato.
Baseado no Ape 50, o Ape Cross foi projetado para a multidão de adolescentes que adoram usar o Apino como uma alternativa ao seu primeiro ciclomotor: com um roll-bar, um porta-malas prático e espaçoso atrás da cabine e em cores jovens e elegantes para esse “custom”. O Ape Cross poderia até mesmo vir com um alarme eletrônico e um sistema de som automotivo com alto-falantes.
Nos anos 50, o charme atemporal do Ape estava nas alturas e os fotógrafos paparazzi tiravam fotos de famosas estrelas de Hollywood em um Ape, usado como veículo de passeio em seu resort de férias em alguma ilha do Mediterrâneo. O Ape se tornou o protagonista da vida de luxo de resorts exclusivos, como Versilia, Capri, Ischia e Portofino.
Em 2007, a Piaggio reintroduz uma edição única e limitada (999 unidades numeradas): o Ape Calessino. O Ape Calessino presta homenagem à história do veículo e, ao mesmo tempo, é um veículo elegante para os hóspedes de resorts exclusivos. O Ape Calessino vinha como a reinterpretação perfeita do fabuloso design dos anos 60 (inserções de madeira, acabamento cromado e uma elegante pintura azul vintage), que remetiam ao ensolarado Mediterrâneo. O lançamento dessa edição limitada desperta um grande interesse da mídia.
Com sua versão elétrica, chamada Electric Lithium, o Ape Calessino olha para o futuro e pretende ser uma verdadeira alternativa de mobilidade. O Ape Calessino Electric Lithium é, de fato, um veículo “emissão zero”, alimentado por baterias de lítio de última geração: um veículo perfeitamente limpo, silencioso e versátil. Ostentando as características tradicionais de praticidade, elegância e manuseio que fizeram do Ape Calessino um sucesso de vendas, traz a você a chance de chegar a todos os lugares que normalmente são proibidos para veículos movidos a motores elétricos, como qualquer área naturalista e ambientalmente importante, centros urbanos e Áreas de Tráfego Restrito (as chamadas ZTL na Itália).
Dimensões compactas, maneabilidade imbatível, preço de compra muito razoável e baixos custos de operação, uma grande capacidade de carga e a solidez que sua lenda indica – hoje, como há sessenta anos – esses são os pontos fortes da linha Ape. Um veículo que, embora permaneça fiel à sua filosofia de construção, tem evoluído continuamente para atender da melhor forma possível às mudanças nas exigências da mobilidade profissional.
Hoje, com quase 2 milhões de unidades vendidas somente na Europa, o Ape continua sendo um dos produtos de referência do Grupo Piaggio. Todos os anos, mais de 10.000 veículos Ape saem das fábricas de Pontedera para percorrer as estradas da Europa.
Mas o sucesso do Ape vai além das fronteiras do Velho Mundo; é uma história de sucesso de proporções globais. Desde 1999, o Ape – nas versões a diesel de 501 cm3 e 601 cm3 – também é fabricado na fábrica indiana (Piaggio Vehicles Private Limited) perto de Pune. Mais de 140.000 veículos Ape são produzidos todos os anos para o mercado indiano e asiático.
Atualmente, o Ape está disponível nas seguintes versões para o mercado europeu: 50 cm3 a gasolina, Tm 218 cm3 a gasolina, Tm 422 cm3 Diesel e nas duas séries especiais Classic, Calessino e Calessino Electric Lithium.
Todos os novos motores atendem às mais rigorosas regulamentações europeias em termos de emissões de gases, mas o Ape de hoje também é caracterizado por novos modelos, novas versões e novos métodos de uso que não se limitam mais ao mundo do trabalho.
O Ape, de fato, está sendo usado cada vez mais frequentemente por várias empresas para anunciar seus produtos; o veículo de três rodas de Pontedera é sinônimo de charme e do lado ensolarado da vida “Made in Italy”, o que o torna ideal para anúncios de TV ou campanhas de imprensa.
O Ape também foi usado em uma variedade de maneiras inteligentes e exclusivas. Como pontos de distribuição móveis para aperitivos e degustações exclusivas no mundo do “slow food”, ou como um veículo original e alternativo para a apresentação de coleções de moda de prestígio “na estrada”.
Em resumo, o Ape é a verdadeira “Abelha Rainha” do transporte e, de 1948 até hoje, o Ape acompanhou a evolução da sociedade italiana, algo que continuará a fazer também no futuro.
Os empresários e irmãos Raul Fernandes Jr e Mauricio Fernandes possuem uma vasta experiência no mundo de duas rodas, seja pela paixão por motocicletas propriamente dita, ou gerindo seus negócios no segmento ao representar marcas de peso no mercado mundial.
Atualmente o grupo possui 4 concessionárias, 1 Fábrica / Centro de Distribuição e Armazenagem em Araquari – SC e 125 colaboradores.
